Música da semana
“Um Dia”
Autor:
Egberto Gismonti
Disco:
Maysa
Ano:
1969
Análise:
Em 1969,
Maysa estava ausente do mercado fonográfico nacional há anos, e havia resolvido
formar uma nova turma de compositores jovens e muito talentosos, para fazer ao
lado dela o seu novo disco, há ser lançado naquele mesmo ano. Para a produção
do álbum intitulado simplesmente Maysa, a cantora chamou vários músicos
jovens, vários em início de carreira, mas, que já se destacam no cenário musical
por seu grande talento. Entre eles, gente que viria a ser muito importante,
como Egberto Gismonti, Antonio Adolfo, Tibério Gaspar e Paulinho Tapajós.
De
Egberto Gismonti, Maysa pincelou duas canção para gravar no disco, uma delas, é
a maravilhosa “Um Dia”, que vem a ser o tema da semana da nossa coluna. Na
época, Egberto era apenas um jovem músico em começo de carreira, que só viria a
lançar sem primeiro disco no ano seguinte. Maysa lhe deu uma grande
responsabilidade ao reservar para ele os arranjos de várias canções do seu novo
disco, fora a notoriedade de ter uma música sua, gravada por uma cantora do
porte de Maysa.
“Dessa
vez era um velho que passava / Como os outros parecia não ligar / Para a praça
com jardim sem namorados / E por isso só eu vou chorar...”. Uma
canção de sensibilidade absoluta. Que chega a nos enganar na própria dimensão.
“Um Dia”, pode parecer uma música muito rebuscada, com sua temática realmente
diferente e bem incomum – característica que já definiria o trabalho de seu
autor, que faria uma carreira internacional de prestígio e sucesso. Mas, se analisarmos
com carinho, poderemos observar que é uma letra muito simples e objetiva ao
contar sua bela história, e o grande chamariz dela acaba sendo sua harmonia
quase perfeita, embebida numa melodia muito bonita e agradabilíssima.
Sensibilidade
é a palavra perfeita para definir “Um Dia”. Uma música que conta a histórias de
tipos simples e conhecidos, girando em torno de uma praça! Velhos, crianças,
guardas...o simples cotidiano da vida, olhado por uma outra ótica. Isso tudo,
na voz grave e densa de Maysa, adquire um tom praticamente dramático,
verdadeiramente triste. O arranjo da canção, feito por Gismonti, é suave, cheio
de meiguice, e também contribui para a atmosfera melancólica da música. Maysa,
no auge da arte interpretativa, parece cantar à flor da pele. Era um novo jeito
de cantar, mais sincero, puro e sem aquela chuva de acordes de antes. Maysa
está maravilhosa, numa música melhor ainda.
Massa! :) ameei
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