Maysa: contrato de três anos na TV americana
Muito mais magra, trajando calças colantes de variadas cores
e blusa bege, que mais ressaltavam sua beleza exótica, Maysa Monjardim – que
também já foi Matarazzo – e ao nome famoso renunciou, pelo ideal artístico de
uma carreira hoje vitoriosa, ensaiava com um pequeno conjunto musical, sob o
calor intensíssimo de possantes refletores, num estúdio de TV, quando foi
localizada pelo repórter. E, aproveitando um momento de descanso, antes de novo
programa, falou-nos ligeiramente sobre seu recente estado nos Estados Unidos.
-
Foi das mais proveitosas, a minha passagem pela televisão
americana, onde estou cumprindo contrato de três anos, numa das emissoras de
Nova York – disse-nos a famosa intérprete e compositora da música popular
brasileira.
Prosseguindo na rápida palestra – que o repórter procurou
abreviar ao máximo, dada a elevadíssima temperatura reinante – confessou-nos
Maysa que teve a melhor impressão do ambiente técnico e artístico dos estúdios
norte-americanos, “com quem muito temos, ainda, que aprender, não só
tecnicamente (imagem e som), mas, também, quanto aos programas, que são
maravilhosos.”
Sobre nossa música popular nos Estados Unidos, disse-nos,
desencantada:
-
Infelizmente, não está tão difundida tanto quanto seria de
desejar. Com exceção de Ary Barroso como compositor e Leny Eversong como
cantora, que obteve, realmente, estrondoso sucesso em Las Vegas, nenhum outro
artista nosso logrou alcançar sucesso, ali.
-
Nem o Cauby Peixoto? Indaga, surpreso, o repórter.
E ela, mais surpresa, ainda, da nossa surpresa: “Porque
Cauby Peixoto? Posso afiançar-lhe que, pelo menos em Nova York, jamais se ouviu
falar em Cauby Peixoto. Não é fácil vencer nos Estados Unidos, onde abundam
valores, procedentes de todas as partes do mundo.”
-
E que sugestão apresentaria para sanar essa falha?
-
Verbas do governo, para excursões artísticas, em larga escala.
Dizendo que prefere atuar como intérprete, mais do que como
compositora, Maysa declarou-nos estar satisfeitíssima com sua carreira – não só
artística, mas financeira também; que passará os próximos três anos presa a
contratos, nos Estados Unidos, e que pretende dar um giro pela Europa e, nos
intervalos, voltará ao Brasil “a fim de matar as saudades dos seus queridos
telespectadores, dos quais vai sentir muita falta e deles também espera o
mesmo.” E finalizando:
-
Voltarei no dia 5 de abril para Nova York, onde gravei um LP,
que está prestes a sair. Aqui também estou gravando outro, que espero seja
lançado antes do meu regresso.”
(Entrevista publicada originalmente no jornal carioca A NOITE, terça-feira, 28 de fevereiro de 1961)
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