16 de abril de 2014

Imprensa: Maysa: contrato de três anos na TV americana - A Noite, 28/02/1961


Maysa: contrato de três anos na TV americana



Muito mais magra, trajando calças colantes de variadas cores e blusa bege, que mais ressaltavam sua beleza exótica, Maysa Monjardim – que também já foi Matarazzo – e ao nome famoso renunciou, pelo ideal artístico de uma carreira hoje vitoriosa, ensaiava com um pequeno conjunto musical, sob o calor intensíssimo de possantes refletores, num estúdio de TV, quando foi localizada pelo repórter. E, aproveitando um momento de descanso, antes de novo programa, falou-nos ligeiramente sobre seu recente estado nos Estados Unidos.
-         Foi das mais proveitosas, a minha passagem pela televisão americana, onde estou cumprindo contrato de três anos, numa das emissoras de Nova York – disse-nos a famosa intérprete e compositora da música popular brasileira.
Prosseguindo na rápida palestra – que o repórter procurou abreviar ao máximo, dada a elevadíssima temperatura reinante – confessou-nos Maysa que teve a melhor impressão do ambiente técnico e artístico dos estúdios norte-americanos, “com quem muito temos, ainda, que aprender, não só tecnicamente (imagem e som), mas, também, quanto aos programas, que são maravilhosos.”
Sobre nossa música popular nos Estados Unidos, disse-nos, desencantada:
-         Infelizmente, não está tão difundida tanto quanto seria de desejar. Com exceção de Ary Barroso como compositor e Leny Eversong como cantora, que obteve, realmente, estrondoso sucesso em Las Vegas, nenhum outro artista nosso logrou alcançar sucesso, ali.
-         Nem o Cauby Peixoto? Indaga, surpreso, o repórter.
E ela, mais surpresa, ainda, da nossa surpresa: “Porque Cauby Peixoto? Posso afiançar-lhe que, pelo menos em Nova York, jamais se ouviu falar em Cauby Peixoto. Não é fácil vencer nos Estados Unidos, onde abundam valores, procedentes de todas as partes do mundo.”
-         E que sugestão apresentaria para sanar essa falha?
-         Verbas do governo, para excursões artísticas, em larga escala.
Dizendo que prefere atuar como intérprete, mais do que como compositora, Maysa declarou-nos estar satisfeitíssima com sua carreira – não só artística, mas financeira também; que passará os próximos três anos presa a contratos, nos Estados Unidos, e que pretende dar um giro pela Europa e, nos intervalos, voltará ao Brasil “a fim de matar as saudades dos seus queridos telespectadores, dos quais vai sentir muita falta e deles também espera o mesmo.” E finalizando:
-         Voltarei no dia 5 de abril para Nova York, onde gravei um LP, que está prestes a sair. Aqui também estou gravando outro, que espero seja lançado antes do meu regresso.”


(Entrevista publicada originalmente no jornal carioca A NOITE, terça-feira, 28 de fevereiro de 1961)

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