22 de abril de 2010

Coluna: Disco da semana


Maysa



Ano: 1966
Gravadora: RCA Victor
Faixas: 1- Fantasia de Trombones – Demais/Meu Mundo Caiu/Preciso Aprender a Ser Só
              • (Tom Jobim/Aloysio de Oliveira)
               • (Maysa)
               • (Marcos Valle/Paulo Sérgio Valle)
            2- Canto Livre (Bené Nunes/Dulce Nunes)
            3- Just in Time (Styne/Creem/Comden)
            4- Canto de Ossanha (Baden Powell/Vinicius de Moraes)
            5- As Mesmas Histórias (Edu Lobo/Vinicius de Moraes)
            6- Ne Me Quitte Pas (Jacques Brel)
            7- Tristeza (Haroldo Lobo/Niltinho)
            8- Fantasia de Cellos – Primavera/Valsa de Eurídice/Canção do Amanhecer
                • (Carlos Lyra/Vinicius de Moraes)
                • (Vinicius de Moraes)
                • (Edu Lobo / Vinicius de Moraes)
            9- Canção Sem Título (Maysa)
           10- Morrer de Amor (Oscar Castro Neves/Luvercy Fiorini)

Análise:
Lançado em junho de 1966, o disco que comemorava os 10 anos de carreira de Maysa nascia de um projeto muito ousado. O álbum era fruto de um projeto da produtora artística independente de Maysa, a Guelmay. Era um investimento financeiro alto e extremamente arriscado; dezenas de músicos da Orquestra Filarmônica de São Paulo e quatro maestros (Erlon Chaves, Oscar Castro Neves, Lindolpho Gaya e Chiquinho de Moraes) foram contratados pela própria Maysa. No final a Guelmay conseguiu negociar o disco com a poderosa RCA Victor, porém, o destino da produtora já estava fadado ao fracasso.

O LP em si é um dos mais grandiosos trabalhos de toda carreira da cantora. Ela ressurge esplendorosa, impecável, a voz parece estar no melhor ponto, inigualável. A expressiva foto da capa fora tirada ainda em Madri e fazia parte do material de divulgação das turnês pela Europa, a contra-capa era assinada por Roberto Corte-Real como no primeiro disco dez anos antes.

O LP é aberto pela glamourosa Fantasia de Trombones, um pot-pourri monumental repaginado pelo toque jazzístico do maestro Erlon Chaves, que também surpreendia todos em "Just in Time"um número legítimo de jazz interpretado brilhantemente por Maysa. 
No "Canto de Ossanha", um dos afro-sambas de Vinicius de Moraes e Baden Powell, Maysa cantava com imponência e autoridade. O próximo destaque era a  "Ne Me Quitte Pas", em sua mais famosa versão, àquela altura a canção já era estava totalmente associada à figura de Maysa. "Tristeza", um número autêntico do samba foi gravado ao lado da bateria da escola de samba do Salgueiro, incrivelmente, a música tem em Maysa uma de suas melhores versões.

Depois de todos esses números arrebatadores ainda está por vir a melhor faixa do álbum, que sem sombra de dúvidas é a fantástica Fantasia de Cellos. Me faltam adjetivos para classificar esse pot-pourri magnífico que transmite as mais sublimes emoções; é talvez uma das mais belas canções gravadas por Maysa. Grandioso, terno, singular e emocionante, as músicas se casam perfeitamente formando um conjunto sublime.

Por fim, há a não menos emocionante "Morrer de Amor", uma canção singular em toda discografia de Maysa, sobre ela, não tenho mais o que falar, me calo diante de tanto sentimento. Também há que se destacar a autobiográfica "Canto Livre" de Bené e Dulce Nunes, e a autêntica "As Mesmas Histórias", clássico da dupla Edu Lobo e Vinicius de Moraes; uma música de letra simples e singela, mas que imprime muita verdade pois ‘Só é triste quem não tem por quem chorar.’ A compositora Maysa só aparece na "Canção Sem Título", com ela Maysa quebrava um jejum de quase 6 anos sem músicas inéditas em disco.
É um LP irretocável em todas as faixas, supreendente e muitíssimo bem produzido. Nele, Maysa se renova como intérprete mostrando novas nuances e uma grande bagagem de 10 anos de carreira. É a nossa Maysa de sempre, a Maysa de todos nós.


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