de Hyman Goldberg
É provável que você nunca tenha ouvido falar de uma moça
chamada Maysa Figueira Monjardim, mas provavelmente ela tampouco ouviu falar de
você. E embora ela esteja se esforçando enormemente para fazer seu nome tão bem
conhecido nos Estados Unidos quanto o é por toda América do Sul, ela logo não
ouviria nada sobre ninguém, exceto aqueles que promoverão sua carreira.
Maysa, que é como ela chama a si mesma, pulando os dois
outros sobrenomes, é uma moça tão impetuosa e independente como você já viu.
Ela é uma brasileira rica. Quando você diz que os Monjardim são uma família
brasileira rica, é como se dissesse que os Rockfeller são uma família americana
rica.
Ela também é casada, mas separada de um homem chamado André
Matarazzo. A família dele é tão rica que Baby Pignatari, o extravagante
playboy, com quem têm parentesco, é considerado um dos parentes pobres.
Maysa é uma cantora. E é uma brigona. Ela briga com
qualquer um. Donos de boates, maestros e até com o público. Quando ela estava
no Blue Angel recentemente, costumava advertir
os clientes que conversavam durante a sua apresentação.
A razão pela qual ela é separada do seu marido é uma briga
que tiveram. Ele se opôs violentamente a que ela cantasse profissionalmente.
“Ele queria que eu ficasse em casa”, disse Maysa, os olhos
escuros estalando furiosos com a lembrança, “porque moças de boas famílias não
trabalham, e no Brasil estar no meio artístico é muito mal visto.”
Essa briga aconteceu há dois anos, quando ela e o marido
estavam viajando do seu palacete carioca até a mansão de praia deles. “Um dia
numa festa em minha casa”, ela disse, “Eu cantei uma música para os convidados
e de brincadeira isso foi registrado num gravador. Eu gravei um disco, apenas
para presentear os amigos. De alguma forma, uma rádio local conseguiu um deles
e passou a tocar. Quando meu marido ouviu isso no rádio enquanto estávamos na
estrada, ele ficou furioso.”
Esse foi o fim do casamento de Maysa e o início da carreira
dela. Desde aquele dia a dois anos, ela se tornou a cantora mais popular do
Brasil e nas TVs, rádios e boates da América do Sul. A gravadora Columbia daqui
já a contratou e vai lançar vários discos dela em breve. Ela também mantém uma
coluna em um jornal no Brasil chamada “Maysa à Noite”.
Na América do Sul ela ganha cerca de cinco mil dólares por
semana. O que é um monte de dinheiro em qualquer lugar, mas muito mais lá. E a
maioria dele, dizem seus assessores, ela doa para a caridade.
Maysa veio para os Estados Unidos com oito baús de roupas,
todas de Paris e a maioria de Christian Dior. E um secretário, um empresário,
um músico e um cabeleireiro. Ela canta em português, francês, espanhol,
italiano e inglês, e fala, lê e escreve em todas elas também.
Cantar nos Estados Unidos, segundo o seu secretário, um
jovem chamado Odilo Licetti, lhe custa cerca de mil dólares por semana, porque
seus gastos são muito maiores do que o dinheiro que ela está ganhando agora, em
sua primeira turnê aqui.
“Mas nós estamos acostumados com isso,” disse ele, dando de
ombros. “Ela gasta dinheiro como se ele desse em árvores. Uma vez, em Las
Vegas, quando eu não lhe dei mais nenhum dinheiro, ela apostou suas pérolas
na roleta.”
Maysa sorriu, “elas eram minhas velhas,” ela disse.
(Matéria publicada originalmente na revista New York Mirror em 15 de janeiro de 1961)
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