31 de agosto de 2010

Coluna: Música da semana

Por: Vitor Dirami

"Malatia"
 
Título: “Malatia”
Autor: Armando Romeo
LP: Convite para ouvir Maysa Nº 4 (1959)

Análise:
“Tu sì na malatia / Ca me dà na ‘smania e te vedè / Ne vem ‘a frennesia / Tutt’e sere quand aspett’a te.”
Maysa conseguiu embelezar ainda mais, a delicadeza da napolitana “Malatia” de Armando Romeo. O beguine italiano “Malatia” (Doença); de cara, logo apresenta uma indentificação mútua com sua intérprete – o tom passional e escancaradamente trágico. Em sua voz rouca e cálida, a canção assume um viés delicado, e também doloroso. Cantando as dores da canção, Maysa imprime todos os seus sentimentos nesta interpretação.
A napolitana “Malatia”, foi revista pelas mais diversas vozes ao redor do mundo, em diversas interpretações. Uma das que mais obtiveram sucesso, foi a clássica interpretação do famoso cantor italiano Pepino di Capri, que viria a grava-la no ano seguinte – 1960, e eternizaria os sucessos “Roberta”, e “Champagne.” A faixa foi perfeitamente encaixada dentro do grandioso Convite para ouvir Maysa Nº 4 de 1959, mas já havia sido lançada anteriormente com a mesma gravação em um compacto duplo também de 1959, somente com músicas estrangeiras. Ali, a “Malatia” de Armando Romeo, figurava ao lado de “Get Out Of Town”, de Cole Porter, da francesa “Chanson D’Amour”, e por último vinha a inacreditável “Uska Dara”, desencavada do folclore turco.
Revista pela ótica sofisticada do maestro italiano Enrico Simonetti, a versão de Maysa assume uma roupagem mais refinada e cheia de requintes. Nos arranjos, houve um belo acompanhamento de piano, que evidencia ainda mais esse caráter refinado. O encontro de Maysa com a canção italiana é irresistível a qualquer ouvido, e também ao coração. A cantora melancólica, se ajusta perfeitamente ás dores desbragadas de amor de “Malatia”, que encara o amor como uma verdadeira doença que atormenta a mente, despedaça os corações e sofre a alma. Frente a um adversário tão poderoso também não há como reagir. Só resta se entregar à doença do amor, doença qual não possui nome, endereço ou qualquer tipo de identificação. Em meio à solidão, vivendo a tristeza e sem amor, essa doença pode matar. O amor é a doença, sem qualquer tipo de remédio. Contrariando a canção, não o abandone por toda vida, porque tudo passa, sempre passará.
"Tu sì na malatia
Ca se sai'na si tu staie cu'mme
Sì tutt'a vita mìa
Chistu core more senze te.”

Um comentário:

  1. "O amor é a doença, sem qualquer tipo de remédio", perfeita essa colocação..... adoreiiiii.. parabéns mais uma vez turma do blog.....
    bjossss , bjos... e bjossssssss

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