13 de julho de 2010

Coluna: Música da semana


"Eu e a Brisa"


Autor: Johnny Alf
LP: Canecão Apresenta Maysa (1969)

Análise:
“Ah, se a juventude que essa brisa canta, ficasse aqui comigo mais um pouco, eu poderia esquecer a dor, de ser tão só, pra ser um sonho.” Uma canção tão romântica e terna como todo a obra de seu autor – o nosso saudoso Johnny Alf. Porém, como explicar que a singela "Eu e a Brisa" interpretada pela cantora Márcia, no III Festival da Música Popular Brasileira da TV Record de 1967, tenha recebido uma vaia tão estrepitosa e consequentemente desclassificada, a ponto do episódio entrar para a memória dos festivais de música dos anos 60? Não, realmente não há qualquer explicação.

Mas é na inspirada interpretação de Maysa, que podemos que encontramos as respostas para explicar porque "Eu e a Brisa" se tornou um grande clássico da MPB. A canção é essencialmente simples, mas é essa mesma simplicidade que faz dela uma música tão refinada e cheia de romantismo. É uma música envolvente, carinhosa, meiga – que fala do amor de um modo diferente, não melancólico, mas sim, singelo e carinhoso. Mas assim como o amor, o encantamento de "Eu e a Brisa", realmente consiste na simplicidade e em sua serenidade.

Felizmente, e por predestinação ou não, nem o famigerado episódio do III Festival de Música da TV Record foi capaz de apagar os versos de uma obra tão feliz. E por mais felicidade ainda, a canção tornou-se um clássico da MPB e o fruto mais belo da extensa obra de Johnny Alf. Maysa já havia demonstrado interesse em grava-la no ano anterior (1968), inclui-la no repertório do espetáculo no Canecão foi um feliz achado. Perante aquela platéia de quase 2.000 mil pessoas, a inspiradora interpretação de Maysa nos faz sonhar, nos transporta, faz realizar assim, todos os sonhos e desejos de "Eu e a Brisa".
Viva Maysa, viva Johnny Alf.


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