34 anos sem Maysa
Naquela manhã de verão ensolarada do dia 23 de janeiro de 1977, ouvia-se o lamento daquelas mais de mil pessoas que choravam e cantavam os célebres versos de Maysa Figueira Monjardim.
No exato momento de seu sepultamento, de repente, ouviu seu um grito distinto que ecoou na cabeça de todos os que ali estavam presentes.
“A Maysa é do povo. E é o povo que vai enterrar!”
e assim foi feito, Maysa foi enterrada nos braços do povo. O povo eternizou a cantora, e naquele momento, cristalizava para sempre o brilho da estrela.
Não tem como explicar o meu sentimento por Maysa Monjardim.
Uma mulher forte, Guerreira, que luto pelos seus sonhos, que lutou pelo sonhos que ela acreditava. Admirada por muitos e "odiada" por muitos também. Mais que não se importava porque se o seu mundo caísse ela que se tratava de se levantar, sempre. Uma mulher que sofreu sim como todas as mulheres que amam demais, mas sofrem demais. Ninguém a entendia chamavam a de bêbada mais na verdade era uma grande mulher pedindo um pouco de atenção, uma palavra, um conforto, um amor que fosse pelo menos verdadeiro. Mas também não era santa. Falava o que pensava, fazia o que gostava e aquilo que ela acreditava. Afinal, Maysa é Maysa, é Maysa!
Destino,
Como compreender esta verdadeira força da natureza? É tão incrível. Exatamente por isso, é objeto de crença, por ser totalmente sobre-humano. Há 34 anos o destino tratou de encerrar uma das mais belas e profundas existências que já ousaram passar pela face da terra: Maysa. Maysa, aquela que foi outra imensa força da natureza, foi arrebatada pelo destino no dia 22 de Janeiro de 1977.
Mas como o destino consegue ser irritantemente cruel e implacável justo com as pessoas que mais amamos. De uma forma, por vezes, extremamente injusta. De repente, não houve mais tempo para nada. Sua imensa dor havia sido instantaneamente calada. Não houve um único adeus. O que houve, foi um enorme silêncio, silenciou-se um atormentado coração. Basta de clamares, era a morte de Maysa.
Mas o destino – insensato que é – não pode calar o som do coração. Ali, perpetuou-se um infinito lamento. Uma imensa vontade de dizer adeus. Toda saudade é eterna em seu infinito, não existe saudade maior – e mais triste – do que a saudade de um grande amor, a saudade de Maysa.
Vitor Dirami
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34 anos sem Maysa
Milene Fernandes
Se todos fossem iguais a você que maravilha viver....
Não tem como explicar o meu sentimento por Maysa Monjardim.
Uma mulher forte, Guerreira, que luto pelos seus sonhos, que lutou pelo sonhos que ela acreditava. Admirada por muitos e "odiada" por muitos também. Mais que não se importava porque se o seu mundo caísse ela que se tratava de se levantar, sempre. Uma mulher que sofreu sim como todas as mulheres que amam demais, mas sofrem demais. Ninguém a entendia chamavam a de bêbada mais na verdade era uma grande mulher pedindo um pouco de atenção, uma palavra, um conforto, um amor que fosse pelo menos verdadeiro. Mas também não era santa. Falava o que pensava, fazia o que gostava e aquilo que ela acreditava. Afinal, Maysa é Maysa, é Maysa!
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Maysa foi como um grande amor. Uma bela e ao mesmo tempo dramática história de amor. Assim como todo grande amor, foi extremamente trágico. Sofreu o drama da solidão, da distância, do desamor, da infelicidade, da traição, da paixão. Perdeu-se em meio a uma imensidão de amores errados, fracassados, paixões fulminantes e separações destrutivas.
É desolador pensar que aquela mulher, que viveu em meio a uma multidão de amores, morreu completamente só. Só conseguiu tornar-se uma incansável heroína romântica. O amor era seu maior paradoxo, era um sentimento tão abstrato e gigantesco que não coube em seu insensato coração. Em sua inconsequência humana, Maysa ousou desvendar o que seria aquele tão divino e trágico sentimento. Ousou desvendar o que é o maior dos paradoxos: o amor.
Vitor Dirami
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34 anos sem Maysa
Kyonara de Lucena
Para falar da Maysa,tenho que voltar ao tempo... e são exatamente dez anos! Conheci a voz da Maysa antes de conhecer seus lindos olhos. Jamais esquecerei qual a primeira música que ouvi: “Ne me quitte pas”. Tudo isso graças à minissérie Presença de Anita,que estava indo ao ar num sucesso imenso naquele agosto de 2001. O Brasil teria durante aquele mês, aqueles poucos dezesseis capítulos a chance, oportunidade e com certeza, a honra de ouvir e sentir toda emoção dessa bela versão da Maysa. Quando eu ouvi aquela música e voz, foi algo arrebatador! Creio eu, que seja impossível alguém ficar imune a toda beleza que é a Maysa cantando “Ne me quitte pas” e comigo não foi diferente. Lembro que na série, a própria Anita falava que essa é a mais linda versão e que é a que tem mais alma...e se tratando da Maysa é a mais intensa alma que se pode conhecer com certeza. Depois, que me apaixonei completamente pela aquela voz, procurei mais músicas e fui me encantando cada vez mais. Que talento! Não entendia como a Maysa podia ter sido tão esquecida daquela forma...senão fosse a minissérie como seria para eu poder conhecer a sua arte? O tempo passou, as músicas ficaram pra mim e sempre aqueles comentários chatos persistiam de que eu ouvia música muito antiga, triste, depressiva e de uma cantora que bebia demais. Só pude conhecer mesmo a fundo a história da Maysa a partir de outra minissérie. Dessa vez, a sua própria! Depois, que "Maysa,quando fala o coração" foi ao ar que realmente o universo dela se abriu pra mim e eu pude me perder e me encontrar nele. Antes, pelo mesmo pra minha pessoa, era muito difícil e raro encontrar alguma informação, dado e coisas referentes a ela com muitos detalhes. Mas, como já falei, depois da minissérie foi um mundo novo. Maysa virara modinha! Virara popular novamente! Mesmo não estando mais aqui pra vivenciar tudo aquilo. Foi assim, que eu mergulhei nesse mundinho dela e a cada história nova, cada música que eu ouvia pela primeira vez, eu ia me apaixonando, me encantando...a amando e a admirando muito! Não adianta, eu tentar por em palavras o que eu sinto pela Maysa. Nem eu sei explicar! Posso amar, ter outros ídolos, mas com a Maysa é diferente, é outra coisa, está muito mais acima de qualquer coisa que possa existir na minha vida. Só sei que é muito, muito intenso, verdadeiro, puro e importante pra mim. Maysa me ensinou e me proporcionou muitas coisas maravilhosas. Sou muito grata a ela por tudo. É uma figura presente nos meus dias, no meu pensamento e no meu coração. E agora, são 34 anos sem ela... Mesmo eu não tido a conhecido pessoalmente, nem ter tido a chance de olhar aqueles olhos lindos frente a frente e nem ter tido a sorte de tê-la sorrindo só pra mim, nem que fosse por um segundo...mesmo assim sinto uma saudade imensa! Pode passar o tempo que for...só posso dizer que o meu amor cresce a cada dia, aumenta em cada canção que eu ouço e me transmite tanta paz e amor, a cada foto que eu vejo e me traz felicidade e a sensação que eu a conheci de verdade. Porque é esse o meu sentimento, que eu conheço, que ela me conhece e sabe tudo de mim. Só quero que a Maysa tenha certeza, aonde ela estiver que eu a amo, a admiro, a entendo e que eu espero com todo o meu coração que possamos nos encontrar um dia. Que eu sou eternamente grata por ela ter existido e ser quem foi! O resto ela sabe...eu tenho certeza absoluta que ela pode sentir todo esse amor que não só eu, mas outras pessoas também têm por ela. Muita luz, amor e paz sempre para você minha estrela!
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A verdade é que a vida de Maysa tornou-se uma enorme consumação. Ela própria se consumou por completo entre sentimentos, emoções e sensações. Maysa ousou mais do que todos. Foi além de qualquer limite já imposto, foi além, e ultrapassou este próprio limite. Guiou sua vida, por vezes, de forma inconseqüente e insensata. Numa intensidade incrível, a quilômetros por hora. Suas opções foram sempre as mais difíceis, seus caminhos, sempre os mais tortuosos. Nunca se esquivou de absolutamente nada. Não conheceu arrependimentos ou perdões. Dentre todos, ela foi a que mais ousou, a que mais foi além do acessível, do prático. Ela foi mais além do que todos nós. Inventou sua própria existência. Sempre com a intensidade de quem levava a vida pulsante sobre a boca.
Vitor Dirami
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34 anos sem Maysa
Roberta Bernardo
Maysa disse que se a gente repete as coisas mesmo aquelas que pertencem a nossa propria fé e a nossa propria esperança, essas coisas começam a morrer e então já não é possivel dizer sempre as mesmas coisas, ainda que elas sejam tão importantes. Mas Maysa, meu amor por você é tão grande, é enorme demais, e eu sei que ja falei inumeras vezes sobre isso e peço desculpas se as lagrimas e as declarações de amor que eu te fiz em pensamento ao longo desses anos vem atrapalhando suas férias celestiais, é que você mudou minha vida, peço licença pra tentar descrever esse amor mais uma vez, ainda que seja impossivel descrever qualquer amor, escrever sobre você me faz feliz, me sinto perto de você como se eu pudesse olhar bem dentro dos seus olhos e te abraçar.
Eu amadureci demais quando Maysa entrou na minha vida porque junto com ela chegaram pessoas maravilhosas que me mostraram o caminho e se não fosse Maysa eu nunca teria conhecido essa gente linda que esta tão longe de mim, pedacinhos do meu coração espalhaos por todo esse Brasil unidos por uma só sentimento, o mais grandioso dos sentimentos, o amor, o amor por essa mulher que viveu intensamente e que mesmo depois de morrer continou fazendo história, mudando vidas, unindo pessoas, espalhando amor.
O primeiro sentimento, pelo menos comigo, é de encantamento, e com Maysa não foi diferente, quando eu vi aquela mulher pela primeira vez, mesmo em foto, fiquei encantada, como pode alguem ter olhos tão hipnotizantes? Ah Maysa, se você soubesse a vontade que eu tenho de chorar quando vejo um video seu cantando, a tristeza que eu tenho de saber que você está tão longe de mim, a distancia que nos separa vai tão além da distancia que ela quase não existe, e hoje, meu anjo, fazem 34 anos que você foi brilhar lá no céu e eu sei que você assiste o movimento aqui em baixo dando risada.
Me assusta, de verdade, pensar que você nao existe mais nesse plano, mas me conforta a esperança de um dia te ver, juro que quando eu chegar no céu a primeira coisa que eu vou dizer é : - Por favor me levem até Maysa Figueira Monjardim, eu esperei demais pra ver essa mulher.
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Maysa sonhou o impossível. Viveu um enorme paradoxo. Viveu a vida que ela mesma imaginou. Acredito verdadeiramente que sua existência deveria ser curta, porém, inesquecível. Maysa optou por fazer de sua história um gigantesco ensinamento, tornou-se ela própria um instrumento de aprendizado. Sua breve, porém intensa passagem terrena demonstrou o quanto era grande e honesta sua missão. Ofertou sua própria vida em nome do amor. Imolou-se da dor e da angústia, que são convenientes a um sentimento tão instável e avassalador. Colheu a mais bela poesia da vida, provou os dois opostos da felicidade e da tristeza. Retornou ao céu num fim de tarde e agora brilha em todos os fins de noite.
Vitor Dirami
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34 anos sem Maysa
Marina M.
Posso dizer que esta mesma data, desde seu surgimento naquele sábado ensolarado de um verão colorido e até então feliz 22 de janeiro de 1977, remete a todos vários sentimentos; mas dois, creio que desde então, permanecem em todos os “aniversários” da data: a tristeza e a felicidade. Sim a felicidade; pode parecer irônico, mas faz sentido: no início o incidente que tirou Maysa da carne era sinônimo máximo de tristeza, de uma saudade profundamente dolorida; a mulher linda dos olhos não-pacíficos não estava mais entre nós (de todo). Aí entra uma fagulha do sentimento ainda pequeno diante da enorme tristeza: a felicidade; felicidade por saber que Maysa deixaria saudade sincera, de que faria falta. A mulher bonita partiu, mas deixou muita coisa, deixou a presença. Maysa deixaria saudade e muitos corações ainda encantados.
Por muitos anos a tristeza permaneceu prevalecendo à felicidade, algo natural, afinal não é sempre que uma estrela volta para o céu. Mas anos se passaram, décadas, somamos longos 34 anos. Tantas coisas deixaram de ser como eram, mudaram para melhor, tantas outras para pior, inclusive a música; Maysa lamentaria ver o mercado que virou isso que chamam de “arte”. Realmente, como ela previu, virou “gado”. E por conta dessas mudanças são poucos os que ainda citam Maysa, relembram com agradecimento e reconhecem a gigantesca estrada que construiu e caminhou; não só na arte, na vida. Não só no Brasil, no mundo.
Tantas gerações passaram, e a saudade permaneceu, a tristeza foi perdendo pouco a pouco a força e a felicidade crescia...
São tão poucos os que têm saudade de verdade; e estes poucos, perto de tantos, até hoje fazem a diferença. Melhor um coração cheio que vários vazios. E tenho total certeza de que Ela sente, reconhece, e fica feliz por saber que ainda é tão AMADA.
E agora sim, digo aqui, que hoje a felicidade prevalece à tristeza. A felicidade por saber que 34 anos se passaram e Maysa não foi esquecida, é lembrada de um jeito singular por cada coração apaixonado por tudo que ela foi e fez. Claro que a tristeza vem junto, mas vamos tentar deixá-la um pouco de lado.
Vamos dar uma chance à felicidade; afinal, foi isso que Maysa sempre fez.
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Agora, Maysa, você jamais poderia imaginar o quanto foi, e é amada. A saudade permanece, imensa, dolorida, eterna. Porém, é um consolo pensar que você ainda está aqui, afinal, uma energia tão vital como a sua não se dissipa dessa forma. Agora, todo amor que você ensinou, semeou e sentiu é retribuído por todos nós, seus eternos amantes. Tenha certeza Maysa que sua missão foi cumprida, pois enquanto houver na terra um coração apaixonado, lá haverá a essência de Maysa. Sua ausência perdura por 34 anos. Porém, ainda há muito amor em nós para se entregar.
Vitor Dirami
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34 anos sem Maysa
Caio Leite
Pode ser que tudo tenha acabado naquele sábado entardecendo. Numa das primeiras novas tardes de 1977, o ano mal nascia e a velocidade da Brasília era incrível. Rompia as leis físicas, voava como um cometa cansado de orbitar os mesmos erros. Parecia que a velocidade do som e a da luz não existia, e sendo luz encontrava no seu destino a paz que procurou por toda uma vida, que pareceu para ela séculos, eternidades inalcançáveis. Poderia até ter acabado, mas continuou viva. Todas aquelas fagulhas incandescentes pairaram por breves momentos sobre a tragédia, para ganhar tons de imortalidade por sobre o firmamento, tornara-se estrela, tornara-se um vazio, um eco de saudade.
Assim tão só partiu Maysa, depois de tantos discos, numerosas músicas, incontáveis drinques e cigarros, infinitos amores. Depois de passar por todas as dificuldades, todos os preconceitos, dogmas, tabus. Depois de transgredir universos indestrutíveis e desmanchar diamantes perpétuos, assim voou para a luz.
Mas jamais iriam esquecer a sua face marcada por tantos acidentes, seus olhos inconformados com o que viam. Nem azul, nem verde. Uma confusão paradisíaca, psicodélica. Indiscutivelmente inebriantes. Da alma as cicatrizes não eram tão visíveis, mas transbordava na voz calma de cantora dedicada, apaixonada pelo que fazia. Por vezes contrariada e obrigada a gravar o que não queria meros papéis que o vento levou. Ela entendeu que o dinheiro era conseqüência da arte e não sua causa. Lutou sempre por aquilo que julgava certo, e o fez. Errou sim, caiu diversas vezes como na canção, seu mundo ruiu e ela sempre arranjava um jeito de levantar. Acertou também, tomou decisões arriscadas, mas que lhe garantiram o respeito como artista que merecia.
Maysa foi muito mais que uma cantora, foi mais que poetisa, pintora, escultora ou atriz. Maysa era o que podemos chamar de exemplo completo de artista, aquele que não se dá por satisfeito, que se incomoda. Que cria, inventa, reinventa, customiza, explode em criatividade para tentar, talvez em vão, aquietar o coração que insiste em lhe fazer sofrer. E isso lhe conferia críticas devastadoras, se soube usar da fama, essa lhe custou pelos tormentos, aborrecimentos, sensacionalismo. Mas eles passaram, ela ficou.
E com sua personalidade impulsiva conseguiu admiradores, amigos, confidentes para entregar suas próprias dores. Confessional, intimista, luminosa. Assim era e é Maysa. Por mais que digam, que fale, ela nunca se importou. E lá vai ela passando como uma estrela em vertiginosa queda, a iluminar para sempre os ínfimos e desimportantes dias de minha existência. Vai Maysa, não suma estrela azul, reluza por todo o sempre para alegrar-me nos dias alegres, para me confortar nos dias tristes. Para que um dia eu possa saber tudo aquilo que você já sabe. Fique bem.
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Assim como as estrelas que vão embora num fim de noite, Maysa embarcou numa viagem sem volta, rumo ao infinito de um sentimento puro e eterno, rumo a uma emoção transcendental. Ela ia rumo ao seu futuro, algo abstrato, incansável, completamente imortal. Ela ia rumo a imortalidade, não haveria um fim para Maysa. Como era luz, rasgou céu e terra, como se tudo fosse apenas um sonho de criança.
Naquele momento, morria uma mulher, nascia um mito. Jamais houve para Maysa aquilo se convém chamar por morte, aquilo era sim apenas o começo de uma longa viagem, em que não existe fim – como uma borboleta. Agora, ela passeia pelo universo como os bólidos infinitos das estrelas, em constante movimento. Agora ela era uma estrela.
Vitor Dirami
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34 anos sem Maysa
Eliana Bellini Pinto
Hoje pedi licença ao poeta, pois queria dizer algo dela, algo de saudade. Queria escrever um texto lindo, cujas palavras como cores iluminassem os sentidos de quem me lê e assim a descobrissem canção. Palavras em fogos queimando no céu escuro. Mas, simplesmente não sei dizer destas palavras lindas. Como explicar as coisas daquela alma, do amor e dor, do desejo e paixão, da luz e sombra. Proponho o seguinte: se, ainda me lês, fecha teus olhos. Quem sabe, na batida do teu coração, lembrando teu amor mais profundo entenda o que estas palavras simples jamais conseguiram exprimir: Maysa.
...
Há no ar um imenso desejo de adeus.
Não há a menor duvida.
Não há a menor dúvida.
Dentro, de onde me vem este frio,
misto morte e abandono da mente, corpo, passos,
não consigo compreender, não quero, não posso.
Não há temperatura, nem ambiente, nem vazio, nem vontade.
Ah, Deus, não há nada!
Nunca ouvi dizer de um nada assim!
Agora sim, há um desespero, muita angústia,
perplexidade perante este nada.
Isso é a morte, a minha morte...
Este nada sou eu. Eu e minha morte.
Até quando ainda vou continuar caminhando,
jogando este corpo oco de encontro aos que estão passando,
correndo, buscando, se falando, estúpidos, flácidos,
esses que se curam das dores para sentir uma maior.
Maysa
“...Joguei meu desespero no velho telhado
que cobriu meu tempo sem amanhecer
e teu grito rouco e louco
acordou meu viver.
e agora venho andando, peito
Cheio de incertezas
e meu corpo quer teu corpo imensamente,
espera tanto o teu silêncio
que me faz acreditar
que o mundo é nosso
e eu já sei por que ficar.”
Maysa
“Não há morte mais infinita do que uma solidão.”
Maysa Figueira Monjardim
(1936 + 1977)