A nova Maysa de sempre
Texto de AFRÂNIO BRASIL SOARES · Fotos de ROBSON DE
FREITAS
O show “Maysa de Hoje” que o Canecão vem oferecendo a seus
freqüentadores, está se constituindo num dos maiores êxitos que a popular
cervejaria já promoveu desde sua criação. Na noite de estreia, sexta-feira
última, 1.200 pessoas, que lotavam todas as dependências da casa, aplaudiram de
pé a excelente cantora, que teve de voltar oito vezes, ao encerrar-se o
espetáculo, para agradecer a euforia dos fãs mais entusiasmados. Maysa está
demais. Seus famosos olhos verdes reluziam sob a luz do spotlight, enquanto seu
repertório de canções se sucedia num crescente de agrado. Cada vez que uma nova
canção era iniciada, entoada pela sua voz quente e seu tom coloquial, as palmas
prorrompiam, em, delírio. Às vezes, a plateia parecia tomada por um frenesi
coletivo. Em bossa 1969, Maysa reviveu os grandes momentos de sua carreira,
interpretando velhos sucessos como “Ouça”, “Meu Mundo Caiu”, “Chão de
Estrelas”, “Dindi”, “Eu e a Brisa”, “Canto de Ossanha”, “Se Todos Fossem Iguais
a Você”, alternando-os com canções do momento, como foi o caso de “Novo Amor”,
de Roberto Carlos, que ela interpretou vestindo uma minissaia preta
transparente. Cantora de recursos múltiplos, a parte internacional do show foi
um dos pontos altos, quando, como não podia deixar de acontecer, Maysa
interpretou, com aquela expressão que a caracteriza, o “Ne Me Quitte Pas” de
Jacques Brel. Nino Giovanetti, que a dirigiu, inovou muitos lances, dando maior
grandiosidade às possibilidades de Maysa. A mudança de trajes em cena aberta
está esplêndida. Por falar em trajes, Maysa veste, inicialmente, uma pantalona
preta de cetim com túnica preta transparente. Em seguida, surge com uma túnica
branca longa. Retira o manto e aparece com a minissaia negra transparente,
ultra-sexy. Enquanto canta, veste por sobre a minissaia um longo branco. Quando
interpreta e termina o “Dia das Rosas”, a plateia começa a perceber o fim do
espetáculo e passa a aplaudi-la de pé, enquanto forma o coro: “mais um, mais
um, mais um”. Ao descer o pano, a plateia não se conforma. As palmas não cessam
e Maysa, oito vezes seguidas, tem de voltar para cantar trechos de canção e
agradecer a ovação monstro. Sem dúvida, uma temporada para ficar na memória de
quantos viram o show. Um show preparado para ser visto muitas e muitas vezes,
com Maysa, desta vez, em versão cinemascópica.
(Reportagem publicada originalmente na revista O CRUZEIRO, em maio de 1969)