Norte-americanos vão pagar milhões por Maysa
A estrela, em diversos momentos, inclusive em fotos
realizadas nos Estados Unidos: lá comprou um guarda-roupa (caríssimo) e visitou
Nova Iorque toda. Gostou.
Maysa voltou ao Brasil depois de uma enorme viagem. Esteve
duas vezes em Tóquio, percorreu grande parte dos Estados Unidos, e foi a Paris
com o fim unicamente de se divertir uma semana com uma amiga! Disse ela
contando fatos com orgulho:
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Voltando do Japão fiquei nos Estados Unidos. Fui direto a Las
Vegas, onde perdi todo o dinheiro no jogo. Quis apostar as minhas pérolas no
número 13, mas não aceitaram...
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E daí?
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Mandei pedir dinheiro a papai. Demorei-me 2 dias em São
Francisco e 3 dias em Los Angeles. Ofereceram-me um contrato que não
interessava. Conheci Cary Grant, que apesar dos seus 60 anos pareceu-me um
“broto”...
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Nova Iorque, nada?
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A passagem por Nova Iorque transformou a minha vida de
cantora. Fui procurada por empresários. Coube a Irvin Arthur, da Associetad
Booking Corporation oferecer-me o contrato mais conveniente para mim. Durantre
três anos atuarei nos Estados Unidos e Europa, para boates, televisão, teatro
musicado, rádios, discos e cinema.
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Passará três anos fora do Brasil?
-
Isso não seria possível. Meu filho ficará aqui sob os cuidados
de mamãe. De três em três meses terei uma folga para visitar o Brasil e tratar
dos meus negócios.
Maysa comentou que tem a sua estreia na Broadway, marcada
para o próximo dia 31 de outubro. O seu contrato com a boate “Blue Angel”
(conseguido através da ABC), assegurar-lhe-á quatro semanas, com opção para
mais oito semanas. E por imposição da cantora, a boate mandará buscar no
Brasil, um pianista e um baterista, especialmente para acompanha-la.
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Quer dizer, Maysa, que você ganhará milhões?
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Não quero dar cifras do meu contrato. Porém, asseguro que
desde Carmen Miranda, os americanos não pagam tão bem a uma artista brasileira.
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Teve oportunidade para conhecer bem Nova Iorque?
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A cidade é maravilhosa. Um dia fui ao Champagne Room, do “El
Morocco”. Lá estavam Ibrahim Sued, Glorinha, Jackson Flores, Adalgisa Colombo e
Alfredo Tomé. Só Alfredo veio falar comigo.
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Zangada com o colunista social?
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Não. São coisas do Ibrahim...
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E agora?
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Estou no Brasil acompanhada do Odillo Licetti. Sua principal
ocupação é fazer-me adaptar ao rigor do contrato americano, além de
“treinar-me” no inglês.
Maysa citou dezenas de pessoas ilustres com quem jantou e
conheceu. Revelou-nos fatos curiosos dos dias passados no estrangeiro, para
onde voltará faturando milhões. Todavia, o mais curioso, é que aqui no Brasil
está proibida de falar alto. Tem de manter uma só tonalidade de voz. E com as
pessoas que falam inglês, ela só fala mesmo o inglês.
(Reportagem publicada originalmente na REVISTA DO RÁDIO, em 1960)
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