16 de setembro de 2013

Imprensa: Norte-americanos vão pagar milhões por Maysa - Revista do Rádio, 1960.


Norte-americanos vão pagar milhões por Maysa

A estrela, em diversos momentos, inclusive em fotos realizadas nos Estados Unidos: lá comprou um guarda-roupa (caríssimo) e visitou Nova Iorque toda. Gostou.


Maysa voltou ao Brasil depois de uma enorme viagem. Esteve duas vezes em Tóquio, percorreu grande parte dos Estados Unidos, e foi a Paris com o fim unicamente de se divertir uma semana com uma amiga! Disse ela contando fatos com orgulho:
-         Voltando do Japão fiquei nos Estados Unidos. Fui direto a Las Vegas, onde perdi todo o dinheiro no jogo. Quis apostar as minhas pérolas no número 13, mas não aceitaram...
-         E daí?
-         Mandei pedir dinheiro a papai. Demorei-me 2 dias em São Francisco e 3 dias em Los Angeles. Ofereceram-me um contrato que não interessava. Conheci Cary Grant, que apesar dos seus 60 anos pareceu-me um “broto”...
-         Nova Iorque, nada?
-         A passagem por Nova Iorque transformou a minha vida de cantora. Fui procurada por empresários. Coube a Irvin Arthur, da Associetad Booking Corporation oferecer-me o contrato mais conveniente para mim. Durantre três anos atuarei nos Estados Unidos e Europa, para boates, televisão, teatro musicado, rádios, discos e cinema.
-         Passará três anos fora do Brasil?
-         Isso não seria possível. Meu filho ficará aqui sob os cuidados de mamãe. De três em três meses terei uma folga para visitar o Brasil e tratar dos meus negócios.

Maysa comentou que tem a sua estreia na Broadway, marcada para o próximo dia 31 de outubro. O seu contrato com a boate “Blue Angel” (conseguido através da ABC), assegurar-lhe-á quatro semanas, com opção para mais oito semanas. E por imposição da cantora, a boate mandará buscar no Brasil, um pianista e um baterista, especialmente para acompanha-la.
-         Quer dizer, Maysa, que você ganhará milhões?
-         Não quero dar cifras do meu contrato. Porém, asseguro que desde Carmen Miranda, os americanos não pagam tão bem a uma artista brasileira.
-         Teve oportunidade para conhecer bem Nova Iorque?
-         A cidade é maravilhosa. Um dia fui ao Champagne Room, do “El Morocco”. Lá estavam Ibrahim Sued, Glorinha, Jackson Flores, Adalgisa Colombo e Alfredo Tomé. Só Alfredo veio falar comigo.
-         Zangada com o colunista social?
-         Não. São coisas do Ibrahim...
-         E agora?
-         Estou no Brasil acompanhada do Odillo Licetti. Sua principal ocupação é fazer-me adaptar ao rigor do contrato americano, além de “treinar-me” no inglês.

Maysa citou dezenas de pessoas ilustres com quem jantou e conheceu. Revelou-nos fatos curiosos dos dias passados no estrangeiro, para onde voltará faturando milhões. Todavia, o mais curioso, é que aqui no Brasil está proibida de falar alto. Tem de manter uma só tonalidade de voz. E com as pessoas que falam inglês, ela só fala mesmo o inglês.


(Reportagem publicada originalmente na REVISTA DO RÁDIO, em 1960)



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