5 de abril de 2011

Coluna: Disco da semana


Convite para ouvir Maysa Nº 3


Ano: 1958
Gravadora: RGE
Faixas:
01-   Mundo Vazio (Antônio Bruno / Amaury Medeiros)
02-  Saudades de Mim (Maysa)
03-  Candidata a Triste (Paulo Tito / Ricardo Galeno)
04-  É Preciso Dizer Adeus (Tom Jobim / Vinicius de Moraes)
05-   Eu Não Existo Sem Você (Tom Jobim / Vinicius de Moraes)
06-  Pedaços de Saudade (Édson Borges)
07-   Fala Baixo (Enrico Simonetti / Maysa)
08-  Suas Mãos (Antônio Maria / Pernambuco)
09-  As Praias Desertas (Tom Jobim)
10-   Maria Que é Triste (Enrico Simonetti / Maysa)
11-    Bom é Querer Bem (Fernando Lobo)
12-   Conselho (Denis Brean / Oswaldo Guilherme)

Análise:
Convite para ouvir Maysa Nº 3 é mesmo um disco de peculiaridades e muitos contrastes, veremos o porque. Na época de seu lançamento, o LP causou um enorme furor, tornando-se objetivo de todo tipo de crítica. O começo da celeuma já se deu durante as gravações. A RGE andava atordoada, por causa do arrebatador sucesso de Convite para ouvir Maysa Nº 2, lançado no começo de 1958, e com isso, não exitou em requisitar Maysa, para a gravação de um novo LP – que ansiavam eles – ser um novo campeão de vendas. Acontece, que a cantora acabara de voltar de uma exaustiva temporada em Buenos Aires e não se encontrava em condições para gravar, Maysa relutou, mas a RGE insistiu. O resultado, já era de se esperar e não demorou a chegar.

Quando o álbum foi lançado, as críticas não demoraram a chegar. O 4º disco de Maysa foi bombardeado por críticas negativas, e outras que tentavam amenizar a situação. A imprensa especializada, dizia que a voz da cantora não remetia à segurança e o brilhantismo do disco anterior, e que a única coisa boa que o LP trazia era a bela foto de capa dos olhos de Maysa em close up. A verdade é que a crítica não estava errada, o álbum parecia mesmo um grande passo em falso. Tudo nele parecia destoar – a voz de Maysa e os arranjos do maestro Simonetti, que não mantinham nem de longe o padrão do álbum anterior.

O disco contava com um ótimo repertório, bem peneirado. Atualizado diante dos melhores sucessos da época, como “As Praias Desertas”, “Eu Não Existo Sem Você”, “Suas Mãos” e “Conselho”. O disco também trazia três novas composições de Maysa, pela primeira vez – duas delas em parceria com o maestro Simonetti – “Fala Baixo” e “Maria Que é Triste” –, e “Saudades de Mim”, uma das melhores canções compostas por Maysa. Tudo isto aparecia ao lado de “Bom é Querer Bem”, clássico de Fernando Lobo e sucesso com Dolores Duran três anos antes.

Apesar dos pontos positivos, o que mais subtraia no LP eram os arranjos e a qualidade da voz de Maysa – muito comprometidos. Por isso, grandes canções acabavam perdendo muito devido a uma orquestração vacilante e arranjos inconstantes. Além disso, a maioria das canções do álbum foram editadas em várias versões diferentes, o que prejudicava ainda mais a qualidade técnica. Mesmo assim, há verdadeiras obras-primas ali, como “Eu Não Existo Sem Você” e “Suas Mãos”.

No somatório final, acredito que Convite para ouvir Maysa Nº 3 não chegua a ser uma lacuna negra na história musical de Maysa. Apesar de todos os fatores contra – e mesmo os poucos a favor, o disco consegue somar mais do que subtrair. Jamais poderia ser tão ruim vindo de Maysa.


2 comentários:

  1. "Maysa constitui sem dúvidas o maior fenômeno da música popular brasileira dos últimos anos!
    Seu meteórico aparecimento no céu musical do Brasil, fulgurando como estrêla de primeira grandeza tem sido estudado sob todos os ângulos.
    Teria sido o nome de Maysa que impulsionou-a àquelas alturas?
    Seria a fôrça da compositora que surgiu com oito música inéditas em seu primeiro L. P.?
    A voz rouca e quente de Maysa é a chave de seu sucesso, afirmam outros...
    Há ainda aqueles que dizem ser a personalidade de Maysa o imã que atrái e revoluciona. Outros querem interpretar o seu sucesso através da publicidade que se tem feito em tôrno de seu nome.
    A nosso ver entretanto, uma razão mais forte guindou a artista às alturas em que hoje vive. Seu fabuloso temperamento artístico! Sua imensa alma artística!
    Maysa nasceu artista. A eclosão do fenômeno poderia ter acontecido quando ela usava tranças e cursava o colégio, ou quando passeava sua beleza de menina-moça nas práias do Guarujá. O vulcão que incendiou a tudo e a todos entrou em erupção quando Maysa já era mulher feita, casada e com um lindo filhinho.
    Barreiras imensas impediam o seu extravassamento. Seu nome, sua posição, sua família.
    Mais forte que tudo porém, gritou seu selvagem temperamento de artista.
    E um dia, as barreiras foram feitas em frangalhos. Como se fôsse uma imensa fôrça represada, explodiu em turbilhões tôda a expansão de sua alma de arrtista e surgiu Maysa compositora. Surgiu Maysa cantora. Surgiu Maysa magnetismo. Surgiu Maysa de cabelos em desalinho numa afirmação autêntica de personalidade. Surgui Maysa de olhos verdes e magnetizadores.
    Era a nebulose que se transformava em estrêla.
    Era Maysa que surgia no céu da música brasileira para cantar como só ela sabe e pode os versos dos nossos poetas compositores.
    Ainda há de se contar assim a história da nossa música popular: antes e depois de Maysa!

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    Destacamos neste long-playing o excelente trabalho do consagrado maestro Simonetti, que mais uma vez prova ser possível vestir a nossa música com arte, bom gôsto, simplicidade e principalmente expressão. Em cada faixa dêste L. P. descobrimos uma forma de assisnatura multicolorida do inspirado arranjador. Estamos certos de que Maysa repartirá gostosamente com Simonetti os aplausos que por certo alcançará essa nova produção da excelente gravadora RGE."

    JABIS

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  2. verdade... a edição das musicas no meu lp é diferente da edição do meu cd.... a música CONSELHO é a mais diferente....

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