30 de setembro de 2011

Coluna: Disco da semana


Disco da semana

Love Story


Ano: 1971

Gravadora: Philips

Faixas:
1-     História de Amor (Love Story) (Theme from Love Story)
2-   Homem de Bem (César Costa Filho / Aldir Blanc)

Análise:
Em 1971, um episódio desgastante, daria origem a um novo disco de Maysa. Naquela época, a cantora fazia parte do casting da Poderosa Phonogram, que havia reservado para ela a gravação de “Love Story”. André Midani, o poderoso chefão da gravadora naquele tempo, havia encomendado ao compositor e jornalista Nelson Motta, a versão em português para a melosa “Love Story” de Francis Lai e Carl Sigman, que andava no topo das paradas de sucesso do mundo inteiro, por ser tema de um clássico do cinema dos anos 70: Love Story. O filme ultra-romântico, fazia um sucesso estrondoso de bilheteria, as custas de um dos romances mais tristes e dolorosos da história do cinema. A música tema, não fugia a regra.
Quando André Midani encomendou a versão de “Love Story”, Nelson Motta detestou, porque achava a música de cafonice extrema, mas acabou fazendo a versão, não sem antes pregar uma peça no amigo Paulo Garcez, que levaria os créditos pela versão da canção norte-americana. Ficou mesmo bem cômica uma música melosa daquelas, assinada por um quase lorde, como era Paulo Garcez.
Maysa, que sabia muito bem o que cantava, recusou de cara gravar “Love Story” por acha-la inadequada ao seu repertório. No mesmo instante, a gravadora brandiu o contrato no ar, que tinha uma cláusula em que a cantora era obrigada a gravar canções recomendadas pela sua direção. Maysa gravou “Love Story” para não pagar multa, mas já saiu do estúdio com a carta de demissão assinada. Este seria mais um dos vários embates que ela teria com suas gravadoras ao longo da carreira e mais um dos motivos pelos quais ela se afastaria da carreira, muito em breve.
“Love Story” não parece ser uma música ruim e é até bem bonita na voz de Maysa, apesar do tom melodramático e bastante piegas, pelo qual acabou ficando com aquela imagem de cafona. Este seria um trabalho que a cantora renegou pelo resto da vida. No lado B do compacto, estava uma ótima versão para o  bonitinho sucesso “Homem de Bem” da dupla de mais sucesso ainda – César Costa Filho e Aldir Blanc. “Se eu quiser que as pessoas / me apontem como sendo homem de bem / é preciso esquecer que ainda ontem / eu não tinha moral nem vintém...”. Apesar da péssima qualidade da gravação que chegou até os nossos dias, a música que foi sucesso na trilha sonora da novela O Cafona (1971), ficou maravilhosa na voz de Maysa.
Pelo que podemos ver, entre mortos e feridos salvaram-se todos.

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21 de setembro de 2011

Especial: Maysa nos bastidores (1959)


No dia 27 de abril de 1959, o jornal carioca Última Hora, publicou uma extensa sessão de fotos, revelando os bastidores das gravações de Maysa, na TV Rio. (fotos: Luiz Santos)























































14 de setembro de 2011

Música da semana


“Um Dia”
Autor: Egberto Gismonti
Disco: Maysa
Ano: 1969

Análise:
Em 1969, Maysa estava ausente do mercado fonográfico nacional há anos, e havia resolvido formar uma nova turma de compositores jovens e muito talentosos, para fazer ao lado dela o seu novo disco, há ser lançado naquele mesmo ano. Para a produção do álbum intitulado simplesmente Maysa, a cantora chamou vários músicos jovens, vários em início de carreira, mas, que já se destacam no cenário musical por seu grande talento. Entre eles, gente que viria a ser muito importante, como Egberto Gismonti, Antonio Adolfo, Tibério Gaspar e Paulinho Tapajós.
De Egberto Gismonti, Maysa pincelou duas canção para gravar no disco, uma delas, é a maravilhosa “Um Dia”, que vem a ser o tema da semana da nossa coluna. Na época, Egberto era apenas um jovem músico em começo de carreira, que só viria a lançar sem primeiro disco no ano seguinte. Maysa lhe deu uma grande responsabilidade ao reservar para ele os arranjos de várias canções do seu novo disco, fora a notoriedade de ter uma música sua, gravada por uma cantora do porte de Maysa.
“Dessa vez era um velho que passava / Como os outros parecia não ligar / Para a praça com jardim sem namorados / E por isso só eu vou chorar...”. Uma canção de sensibilidade absoluta. Que chega a nos enganar na própria dimensão. “Um Dia”, pode parecer uma música muito rebuscada, com sua temática realmente diferente e bem incomum – característica que já definiria o trabalho de seu autor, que faria uma carreira internacional de prestígio e sucesso. Mas, se analisarmos com carinho, poderemos observar que é uma letra muito simples e objetiva ao contar sua bela história, e o grande chamariz dela acaba sendo sua harmonia quase perfeita, embebida numa melodia muito bonita e agradabilíssima.
Sensibilidade é a palavra perfeita para definir “Um Dia”. Uma música que conta a histórias de tipos simples e conhecidos, girando em torno de uma praça! Velhos, crianças, guardas...o simples cotidiano da vida, olhado por uma outra ótica. Isso tudo, na voz grave e densa de Maysa, adquire um tom praticamente dramático, verdadeiramente triste. O arranjo da canção, feito por Gismonti, é suave, cheio de meiguice, e também contribui para a atmosfera melancólica da música. Maysa, no auge da arte interpretativa, parece cantar à flor da pele. Era um novo jeito de cantar, mais sincero, puro e sem aquela chuva de acordes de antes. Maysa está maravilhosa, numa música melhor ainda.