14 de setembro de 2011

Música da semana


“Um Dia”
Autor: Egberto Gismonti
Disco: Maysa
Ano: 1969

Análise:
Em 1969, Maysa estava ausente do mercado fonográfico nacional há anos, e havia resolvido formar uma nova turma de compositores jovens e muito talentosos, para fazer ao lado dela o seu novo disco, há ser lançado naquele mesmo ano. Para a produção do álbum intitulado simplesmente Maysa, a cantora chamou vários músicos jovens, vários em início de carreira, mas, que já se destacam no cenário musical por seu grande talento. Entre eles, gente que viria a ser muito importante, como Egberto Gismonti, Antonio Adolfo, Tibério Gaspar e Paulinho Tapajós.
De Egberto Gismonti, Maysa pincelou duas canção para gravar no disco, uma delas, é a maravilhosa “Um Dia”, que vem a ser o tema da semana da nossa coluna. Na época, Egberto era apenas um jovem músico em começo de carreira, que só viria a lançar sem primeiro disco no ano seguinte. Maysa lhe deu uma grande responsabilidade ao reservar para ele os arranjos de várias canções do seu novo disco, fora a notoriedade de ter uma música sua, gravada por uma cantora do porte de Maysa.
“Dessa vez era um velho que passava / Como os outros parecia não ligar / Para a praça com jardim sem namorados / E por isso só eu vou chorar...”. Uma canção de sensibilidade absoluta. Que chega a nos enganar na própria dimensão. “Um Dia”, pode parecer uma música muito rebuscada, com sua temática realmente diferente e bem incomum – característica que já definiria o trabalho de seu autor, que faria uma carreira internacional de prestígio e sucesso. Mas, se analisarmos com carinho, poderemos observar que é uma letra muito simples e objetiva ao contar sua bela história, e o grande chamariz dela acaba sendo sua harmonia quase perfeita, embebida numa melodia muito bonita e agradabilíssima.
Sensibilidade é a palavra perfeita para definir “Um Dia”. Uma música que conta a histórias de tipos simples e conhecidos, girando em torno de uma praça! Velhos, crianças, guardas...o simples cotidiano da vida, olhado por uma outra ótica. Isso tudo, na voz grave e densa de Maysa, adquire um tom praticamente dramático, verdadeiramente triste. O arranjo da canção, feito por Gismonti, é suave, cheio de meiguice, e também contribui para a atmosfera melancólica da música. Maysa, no auge da arte interpretativa, parece cantar à flor da pele. Era um novo jeito de cantar, mais sincero, puro e sem aquela chuva de acordes de antes. Maysa está maravilhosa, numa música melhor ainda.



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