Eu tenho
certeza absoluta que vocês devem estar estranhando – e muito – a temática dessa
postagem, e eu até posso entender este estranhamento inicial, mas posso apostar
que vocês também devem estar curiosíssimos para ler do que se trata essa tal
história de amor entre Maysa e Paris. Pois bem, deleitem-se!
O que
Paris representa? Paris representa beleza, amor, sofisticação, refinamento,
afeto, sensibilidade, glamour, deslumbre e até uma certa melancolia. Em suma,
Paris pode ser tudo e muito mais. Notaram alguma coisa? Maysa parece um pouco
com Paris. Maysa pode não ser tudo, mas também representa muita coisa. Ela
também escondia muitas personalidades numa só e Paris também é assim. Paris é
tudo que se quiser, só depende do que você quer e de como você a vê. É muito
Maysa, demais.
Pode
parecer bizarro e até meio estúpido comparar uma cidade com uma pessoa, mas é
verdade que uma cidade representa muito do que você é, pois assim como cada ser
humano, a cidade guarda uma personalidade própria muito maior do que qualquer
coisa. A cidade é uma criação, uma concepção humana e não é nada mais natural
que ela tenha um comportamento quase humano, é como uma longa história com vida
própria, mas sem fim.
Maysa
amava Paris, e eu ouso dizer porque. Porque em Paris, Maysa poderia ser o que
quisesse, em Paris todas as faces de Maysa brotavam à flor da pele, porque
Paris é tudo e lá o seu todo desabrochava a sombra da Torre Eiffel. Creio que
Paris recordava outros tempos para Maysa, talvez Paris fosse melancólica para
ela (porque Paris é romântica e também melancólica ao mesmo tempo). Lembro que
ao fugir para Paris no fim dos anos 50, Maysa buscava solidão e paz na Cidade
Luz, com certeza ela encontrou o primeiro objetivo, mas não o segundo, porque
paz não combina com Paris, muito menos com Maysa. Na ocasião, ela gostava de
ficar debruçada sobre o cais do rio Sena, desde alta madrugada até depois do
amanhecer. Disse que o Sena era “um convite para uma morte lírica”, de fato,
para um olhar melancólico deve haver uma certa dose de tristeza no caminhar das
águas do sábio e lento rio francês, que carrega em sua alma o fluir das paixões
intensas e amores fracassados...o lirismo da morte cortejava Maysa e corteja
aquela vislumbrante esplanada histórica recheada de passado.
A
primeira de suas tristezas em Paris foi chegar a cidade e ouvir “Ouça” tocando
no rádio, chorou copiosamente. Maysa foi a Paris para viver em companhia da sua
solidão, passava os dias trancafiada na suíte do hotel La Trémoille remoendo
velhas amarguras e alimentando tristezas, ela só saia de lá na calada da noite
quando caia pela cidade afora buscando algo que preenchesse suas noites vazias.
Houve noites – e dias – em que ela não retornou ao seu hotel situado no coração
do Triangle d’Or. Dormia nas ruas, em bancos de praças, por várias vezes
foi encontrada perdida pelas ruas da cidade. Mas não se assuste com a
ilustração um pouco intensa demais, isso tudo para ela era muito natural e
ainda mais porque estava em Paris, definitivamente, em Paris Maysa podia ser
apenas Maysa.
Pigalle,
Montparnasse, Montmartre...Maysa não demorou a encontrar seu próprio pedaço de
Paris, e a melancolia, amargura e tristeza de outrora não demoraram muito
(mesmo que só um pouquinho), a serem substituídas pela boemia. Maysa se juntou
aos clochard, os vagabundos de Paris e seguidores fiéis do
existencialismo, os quais ela passou a viver em companhia e agir como tal.
Maysa desceu ao submundo de Paris, chegou a vender quadros na Place du Tertre
para poder comer. Enfim, tornou-se íntima da cidade.
Paris
não foi má para Maysa. Maysa também foi cantora em Paris, e a cantora Maysa
consagrou-se plenamente no Olympia de Paris. Aquele palco mítico em que
cantores podem se legitimar em verdadeiros deuses. Maysa foi um deles, lá ela
foi aplaudida exaustivamente de pé por vários minutos seguidos, cantando em
francês para os franceses. Mesmo que ela tenha desmistificado o glamour desta
apresentação com uma certa soberba que lhe era peculiar, todos nós sabemos a
emoção que foi para Maysa – e seria para qualquer artista – se consagrar num
teatro como é o Olympia. Definitivamente, em Paris todos os sonhos podem se
tornar realidade.
Ameeei esta matéria!
ResponderExcluirAmeeeeeeeei esse blog todo !!!!!
ResponderExcluirSigo esse blog de td q é jeito rss, facebook e mais o q tiver
ResponderExcluir