Música da semana
"Felicidade Infeliz"
Autora:
Maysa
LP: Convite
para ouvir Maysa Nº 2 (1958)
Análise:
“Felicidade, deves
ser bem infeliz, anda sempre tão sozinha, nunca perto de ninguém...” Apesar da
irônica personificação da tão famosa felicidade, havia algo de muito
melancólico naquela música em que o título já era uma antítese – “Felicidade
Infeliz”. Uma dos maiores sucessos da carreira de Maysa, e uma de suas melhores
composições, a cantora lançou mão de duas figuras de linguagem para falar de um
sentimento tão corriqueiro, como raro em suas canções – a felicidade. Maysa
julgou a felicidade, bastante infeliz, por ser sempre sozinha, nunca perto de
ninguém e como se a felicidade fosse um ser humano, Maysa quer fazer um trato
com ela, quer ao menos um retrato da felicidade, quer ver como ela é, já que Maysa não a conhece.
“Esteja bem certa
porém, que o destino bem cedo fará, com que teu rosto eu vá esquecer...” a
escrita maravilhosa de Maysa, atinge seu ápice nesse verso da canção. Mesmo que
ela conheça a felicidade, ela já sabe
que o destino fará com que esqueça seu rosto em breve. Isso significa – e muito
– que mesmo com que Maysa experimente o gosto da felicidade, que ela possa
gozar deste momento, ela sabe que essa felicidade vai passar, que uma hora ela
vai embora.
E no último verso
da canção, a cantora se resigna com a própria felicidade – “Felicidade não
chore que ás vezes é bom a gente sofrer.” Soa como se fosse um conselho para si
mesma. Uma música tão inteligente, que usa da ironia e de uma certa graça bem
peculiar, ganhou uma roupagem densa e carregada de cordas das mãos do excelente
maestro Enrico Simonetti.
Muito bom!
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