28 de dezembro de 2010

Discografia: Os 5 melhores discos de Maysa

Os 5 melhores discos de Maysa


Olá, hoje trago a vocês uma lista com os 5 melhores discos de Maysa sob minha ótica. Levando em consideração critérios de qualidade técnica e vocal (entre outros), formulei uma lista com os seguintes álbuns:


1-     Ando só numa multidão de amores (1970)

 Ando só numa multidão de amores, pode ser definido como a maior jóia da discografia de Maysa. O disco em si era realmente anticomercial pelo excesso de regravações, mas é um disco que apresenta uma qualidade técnica e vocal surpreendente, algo único que Maysa jamais havia feito e nunca mais faria novamente. Além de um repertório bem esc0lhido, o que chama a atenção é a segurança e as diferentes nuances da voz grave e rouca de Maysa, que em algumas faixas como “Chuvas de Verão” e “Quando Chegares” abusa da sensualidade e do intimismo. Tudo isso aliado aos arranjos e a orquestração de Roberto Menescal e Luiz Eça conferiram uma atmosfera intimista, e um caráter arrojado e extremamente moderno ao disco, um verdadeiro marco na carreira de Maysa. Por isso, ouso dizer que este disco lançado pela Philips em 1970 é um dos melhores álbuns já gravados no Brasil até hoje.
Faixas:
“Molambo” / “Yo Sin Ti” / “Me Deixe Só” / “Chuvas de Verão” / “Três Lágrimas” / “Assim Na Terra Como No Céu” / “Eu” / “Suas Mãos” / “Bonita” / “Resposta” / “Que Eu Canse e Descanse” / “As Praias Desertas” / “Quando Chegares”

2-   Maysa (1966)


 Um disco absolutamente grandioso. Só por isso, ele merece figurar na lista dos melhores discos de Maysa. Mas o álbum Maysa de 1966 (seu único LP na RCA Victor) surpreende pelo nível vocal de Maysa – em seu esplendor. O disco faz jus aos 10 anos de carreira da cantora – comemorados a época, e encanta por todo seu esplendor. Talvez, este seja o disco em que Maysa mais expõe sua versatilidade – da balada jazzística “Just in Time” ao samba clássico “Tristeza”, passando pelo maior afro-samba de Baden e Vinicius: “Canto de Ossanha”. O disco, que ganhou arranjos dos maestros Erlon Chaves, Chico de Moraes e Oscar Castro Neves tem inflexões jazzísticas (“Fantasia de Trombones”, “Just in Time), samba (“Tristeza”, “Canto de Ossanha”) e balada romântica (“As Mesmas Histórias”, “Ne Me Quitte Pas”). Na época de seu lançamento, foi tido como o álbum mais grandioso já produzido no Brasil. E de fato era!
Faixas:
Pot-Pourri: Fantasia de Trombones – “Demais” –“Meu Mundo Caiu” – “Preciso Aprender a Ser Só” / “Canto Livre” / “Just in Time” / “Canto de Ossanha” / “As Mesmas Histórias” / “Ne Me Quitte Pas” / “Tristeza” / Pot-Pourri: Fantasia de Cellos – “Primavera” – “Valsa de Eurídice” - “Canção do Amanhecer” / “Canção Sem Título” / “Morrer de Amor”

3-    Convite para ouvir Maysa Nº 2 (1958)


 Um disco absolutamente irretocável. Assim, Convite para ouvir Maysa Nº 2 foi descrito a época de seu lançamento em 1958. O terceiro álbum de Maysa na gravadora RGE, e também seu primeiro LP de 10 polegadas (formato clássico de 6 músicas de cada lado), já encanta pela primorosa capa. A foto fora emprestada de uma célebre capa da revista O Cruzeiro daquele mesmo ano, mas pro dentro, o disco guardava imensa surpresa. Um repertório escolhido com primor, 4 novas composições de Maysa e 7 outras interpretações, todas orquestradas pelo maestro Enrico Simonetti, que também assinava os arranjos e a regência do disco. Ali estava a canção “Meu Mundo Caiu”, tida como o maior sucesso de toda a carreira de Maysa, além de outras canções que se tornariam clássicos, como – “Por Causa de Você”, “Bronzes e Cristais”, “Bom Dia, Tristeza”, “Felicidade Infeliz”, “Bouquet de Izabel” e “Diplomacia”. Todas as faixas do álbum alcançaram imenso sucesso, o disco começou a bater sucessivos recordes de vendas e automaticamente Maysa foi alçada ao posto de melhor cantora de 1958, além de o próprio disco ter sido escolhido o melhor álbum daquele ano. E sem dúvidas, um disco histórico para a música brasileira.
 Faixas:
“Meu Mundo Caiu” / “No Meio da Noite” / “Bronzes e Cristais” / “Por Causa de Você” / “Bom Dia, Tristeza” / “Felicidade Infeliz” / “Bouquet de Izabel” / “Mundo Novo” / “E a Chuva Parou” / “Caminhos Cruzados” / “Meu Sonho Feliz” / “Diplomacia”

4-   Barquinho (1961)


 O álbum Barquinho de 1961 é uma verdadeira relíquia da música brasileira. Um dos primeiros – e melhores – discos de Bossa Nova já feitos no Brasil. Produzido por Ronaldo Bôscoli, o disco contou com arranjos de Roberto Menescal e Luiz Eça, além do acompanhamento de Hélcio Milito, Bebeto Castilho e o próprio Luiz Eça, que poucos anos depois viriam a formar o famoso Tamba Trio. Em seis faixas Maysa foi acompanhada pela orquestra Columbia, e em outras seis, por pequeno conjunto (Roberto Menescal, Bebeto Castilho, Luiz Carlos Vinhas e Hélcio Milito). O disco foi um verdadeiro marco na carreira de Maysa, não só por representar uma comunhão com a Bossa Nova, mas representava também um novo jeito de cantar, novas nuances, novos contrastes, o verdadeiro ritmo da inovação. É maravilhoso descobrir novas nuances da bela voz de Maysa, principalmente em um novo gingado como observamos nas faixas – “O Barquinho”, “Você e Eu”, “Recado a Solidão”, “Errinho à Toa” e “Eu e o Meu Coração”. Seu êxito ou não, não interferem no que ele de fato é: um álbum histórico para a MPB.
 Faixas:
“O Barquinho” / “Você e Eu” / “Dois Meninos” / Recado à Solidão” / “Depois do Amor” / “Só Você” (Mais Nada) / “Maysa” / “Errinho à Toa” / “Lágrima Primeira” / “Eu e o Meu Coração” / “Cala Meu Amor” / “Melancolia”

5-    Maysa sings songs before dawn (1961)


 Uma relíquia, um tesouro. Em todos os sentidos. Um álbum tão raro e precioso, que se tornou praticamente um objetivo mítico, verdadeiramente mitológico. Maysa sings songs before dawn foi gravado nos estúdios da Columbia Records norte-americana, no inverno de 1960 em Nova York, durante a temporada de Maysa nos Estados Unidos. Somente a proposto inicial do disco é digna de nota, afinal, uma cantora brasileira no início dos anos 60, que chega aos Estados Unidos contratada pela poderosa Columbia Records, para gravar um disco em solo americano usufruindo todos os requintes de estrela de primeira grandeza, é realmente de se admirar. O repertório do disco é basicamente formado por canções estrangeiras, principalmente releituras de grandes clássicos, como – “You Better Go Now”, “The End Of a Love Affair”, “Mean To Me”, “I’m a Fool To Want You e “The Man That Got Away”. Músicas do repertório de grandes estrelas como Billie Holiday, Judy Garland, Chet Baker e Frank Sinatra. Maysa também é acompanhada pela orquestra de Jack Pleis. O álbum em si, também representa um enorme avanço em relação aos anteriores. Arranjos primorosos e delicados, aliados a uma orquestração sofisticada privilegiaram – e muito – a voz de Maysa. O disco brilha pela qualidade técnica e sua versatilidade foi explorada ao máximo em quatro idiomas. Desgraçadamente, Maysa sings songs before dawn jamais foi lançado no Brasil, tornando-se lenda e objetivo de desejo dos mais aficionados colecionadores.
 Faixas:
“You Better Go Now” / “Something To Remember You By” / “The End Of a Love Affair” / “A Noite do Meu Bem” / “If I Forget You” / “Ne Me Quitte Pas” / “When Your Lover Has Gone” / “Mean To Me” / “The Man That Got Away” / “Autumn Leaves” / “I’m a Fool To Want You” / “La Barca”

22 de dezembro de 2010

Especial: 1 ano de Blog Oficial Maysa (parte 2)

 1 ano de Blog Oficial Maysa (parte 2)


1 ano. Finalmente, 1 ano de Blog Oficial Maysa. Quanto tempo se passou, quantas coisas foram feitas – e escritas – e ao mesmo tempo parece que ainda falta um mundo de Maysa para ser contado.
Mas muita coisa já foi dita, escrita e feita. Um resgate da memória de Maysa neste momento era mais do que necessário, e romper a cortina dos bastidores da vida glamourosa da estrela é meu objetivo. Mas que missão difícil. Pois não é nada fácil recontar a vida de uma das maiores cantoras da história do Brasil, que ao mesmo tempo foi uma das mulheres mais transgressoras, intensas e arrojadas, a passar pela nossa história. Maysa foi isso tudo e mais um pouco, em tudo que fazia – absolutamente tudo – imprimia sentimento e emoção.
Sentimento. Talvez seja esta a palavra perfeita e mais correta para designar todo o trabalho realizado dentre deste primeiro ano. Assim como Maysa, em tudo que escrevi imprimi meus próprios sentimentos e minhas emoções acerca daquilo que era dito. Houve sim um distanciamento, pois ajo como interlocutor e acho que assim deve ser feito, com comprometimento e respeito à memória da homenageada. Mas sinceramente, hoje afirmo com toda certeza que somente com um olhar sincero, de sentimento e afeição, podemos enxergar além da estrela, enxergar a verdadeira mulher além do mito. E isto foi feito.
Realizei meticulosas pesquisas, expus a outra face, contei as glórias e fracassos de Maysa. A sensação é a de que não faltou nada, não houve espaço para meias-verdades ou achismos. Ressaltando sua importância no cenário musical brasileiro, temos novamente a noção da grandiosidade imensa da Maysa cantora. Ao expor suas fragilidades, crenças e confissões, pudemos saber quem foi Maysa – um monstro de mulher, uma personalidade inquieta e apaixonante.
Não há como não se apaixonar por Maysa. Eu logo me assumo como réu confesso, sou completamente apaixonado por ela. Sua voz cálida e intimista, sua beleza lírica e límpida, sua personalidade fulgural, são um convite ao amor e ao encantamento. Assim como o poeta Manuel Bandeira, eu não saberia responder por completo como Maysa me comove, me sacode, me buleversa e me hipnotiza.
Enfim, tudo isto foi o primeiro ano do Blog Oficial Maysa. Gostaria de agradecer imensamente a todos que de alguma forma contribuíram para a montagem e o sucesso deste Blog. Gostaria que soubessem que este site é para mim, como um baú de recordações. Um relicário de lembranças – e histórias – de Maysa. Obrigado a todos, principalmente a Maysa, porque sim, ela de uma forma ou de outra – acredito eu – é a mentora de tudo que acontece ao seu redor.
O Blog é para Maysa, é para mim, é para todos nós!
E agora, a surpresa:

É com imenso prazer que trago a vocês dois vídeos. O primeiro é inédito, uma compilação de cerca de 10 minutos com 3 clipes de Maysa na Série Documentos da TV Bandeirantes em 1975. Cantando – Pot-Pourri: “Demais” / “Meu Mundo Caiu” / “Preciso Aprender a Ser Só”; “Tema de Simone” e “Chão de Estrelas”. Observem o reflexivo pensamento de Maysa no começo do vídeo: “Eu somei muita coisa. Ensinei muita coisa pras outras pessoas, só não ensinei pra mim mesma.” O segundo vídeo mostra uma reportagem do Jornal da Globo  (TV Globo) de 1992,  lembrando os 15 anos da morte de Maysa.


Série Documentos - TV Bandeirantes (1975)


15 anos da morte de Maysa - Jornal da Globo (TV Globo, 1992)

16 de dezembro de 2010

Especial: 1 ano de Blog Oficial Maysa (parte 1)

1 ano de Blog Oficial Maysa (parte 1)


É com imenso prazer e alegria que vos anuncio que na próxima quarta-feira (22/12/2010), o Blog Oficial Maysa completará 1 ano de existência. Para este dia de grande felicidade e emoção para mim, o Blog está preparando uma grande e emocionante surpresa para todos nós fãs e entusiastas da inesquecível Maysa. Aguardem felizes emoções para a próxima quarta-feira. Obrigado!

8 de dezembro de 2010

Curiosidades: Maysa e Simone de Oliveira

Maysa e Simone de Oliveira


O blog oficial Maysa, tem hoje o prazer de trazer a vocês, um belo registro do encontro entre duas grandes cantoras –  coincidentemente, de nações diferentes, porém, que compartilham a língua portuguesa, em que engrandeceram suas vozes.
A foto acima mostra Maysa e a grande cançonetista portuguesa (como os patrícios gostam de chamar) – Simone de Oliveira, em 1966. A foto data da época do I Festival Internacional da Canção, em que Maysa defendeu gloriosamente a canção “Dia das Rosas”. A portuguesa Simone de Oliveira, também veio ao Brasil na época para participar do FIC I. Na ocasião, ela foi escolhida pela dama da canção portuguesa Amália Rodrigues (que integrava o júri), para representar Portugal no Festival, com a canção “Começar de Novo” de Davi Mourão Ferreira e Nóbrega e Souza.
Simone se recordaria de Maysa anos depois, como uma mulher bela e simpática, porém melancólica. Foi um rápido encontro “de bastidores”, entre duas grandes cantoras, que não chegou a se concretizar em uma amizade. Mas Simone de Oliveira, parece ter gostado bastante da canção interpretada por Maysa no FIC I, tanto é, que naquele mesmo ano gravou um compacto simples que incluía “Dia das Rosas” de Luiz Bonfá e Maria Helena Toledo (defendida por Maysa no FIC I) e “A Banda” de Chico Buarque, música que havia alcançado grande sucesso no II Festival de Música Popular Brasileira da TV Record de 1966.
Simone de Oliveira também é atriz de teatro e televisão, mas eternizou-se como uma das mais belas vozes de Portugal, no mesmo hall da eterna cantora Amália Rodrigues – a maior intérprete do fado português. Com mais de 50 anos de carreira, iniciada em 1958, Simone registrou inúmeros sucessos e tornou-se uma das maiores cantoras da história de Portugal.

Agradecimentos; foto: Ricardo Moço

3 de dezembro de 2010

Coluna: Música da semana

"Resposta"



“Resposta”
Autora: Maysa
LPs: Convite para ouvir Maysa (1956); Ando só numa multidão de amores (1970)

Análise:
“Ninguém pode calar dentro em mim esta chama que não vai passar / é mais forte que eu e não quero dela me afastar.” A “Resposta” de Maysa foi dada em alto e bom som, em forma de música e em compasso de sucesso. “Resposta” é talvez a mais emblemática canção de Maysa, sempre lembrada por sintetizar seu espírito inquieto e libertador “Esta chama que não vai passar”. Ali ela diz a que veio, e talvez já soubesse o mundo que enfrentaria pela frente, por isso logo avisa: “Eu não vou me importar com a maldade de quem nada sabe / e se alguém interessa saber sou bem feliz assim / muito mais do que quem já falou ou vai falar de mim.” Ela nunca se importou com a maldade de quem nada sabe, e assim como está escrito em “Resposta” se fez a vida de Maysa.
“Resposta” é uma canção muito confessional, que na verdade estava a anos-luz da época de seu lançamento. É uma canção moderna, arrojada, e já ali que se vê a grande característica intimista da música de Maysa, “Resposta” chega a parecer um tanto quanto deslocada do conjunto de sua obra (Convite para ouvir Maysa; 1956). Por isso mesmo me estranha muito que tenha obtido tão grande sucesso naquela época. Música da safra do histórico Convite para ouvir Maysa, de 1956, a canção teve grande destaque e projeção no primeiro disco, é inesquecível para qualquer fã de Maysa, e ouvi-la em sua voz é verdadeiro um deleite para a alma. Já no ano seguinte a composição da cantora carioca foi gravada por Dóris Monteiro, e 20 anos depois, também pela esplêndida Ângela Maria.
14 anos após a sua primeira gravação, a composição de Maysa foi lembrada por Maria Bethânia ao ser incluída em seu ousado e antológico espetáculo A Cena Muda, de 1974. Dentro do contexto arriscado, revelador e inquieto do espetáculo a canção de Maysa interpretada por Maria Bethânia tornou-se um clássico e adequou-se perfeitamente dentro do contexto do antológico A Cena Muda. E assim foi feita, a resposta de Maysa foi dada, e ela não se importou com os dizeres de quem nada sabia, pois era muito mais feliz do quem já falou ou ainda vai falar dela.