18 de julho de 2011

Coluna: Disco da semana

Pálida Ausência


 Gravadora: RCA Victor
Ano: 1968
Faixas:
1-     Pálida Ausência (Luis Eduardo Aute)
2-   Reza (Edu Lobo / Ruy Guerra)

Análise:

Em 1968, de volta a Espanha após uma temporada pelo norte da Itália, Maysa gravou um raríssimo compacto pela filial espanhola da gravadora RCA Victor. No disco, além da belíssima capa, Maysa registrou a canção “Pálida Ausência”, do compositor, cantor, poeta, pintor e cineasta espanhol Luis Eduardo Aute – hoje, um consagrado intelectual, mas, na época, estava apenas iniciando sua carreira e acabava de gravar os primeiros discos. No lado B, havia uma versão em castelhano para o sucesso “Reza”, de Edu Lobo e Ruy Guerra, gravada no Brasil por Elis Regina. Maysa gravou “Pálida Ausência”, praticamente, com um simples acompanhamento de violão, mas o arranjo soa muito estranho e acaba deixando a desejar. Apesar da bela e sensível letra da canção. Já “Reza”, esta em melhor cotação, o arranjo da música quase se aproxima a de um clássico samba, devido à ótima orquestração de piano, bateria e trombones. O curioso, é que Maysa gravou “Reza” novamente, neste mesmo ano, num compacto duplo lançado pela mesma gravadora em Portugal, com arranjo absolutamente idêntico! A exceção, de que esta segunda versão é em português.
Este disco, é uma ótima forma de se observar como andava a carreira de Maysa no velho continente. Ela já era bastante conhecida nos círculos intelectuais de Madrid, mas como uma forma de se alcançar o mínimo reconhecimento no disputado meio artístico europeu, era quase um pré-requisito que o artista que se deseja fazer sucesso lá, deveria cantar a sua música no idioma do país em que estivesse. Era praticamente uma exigência do público estrangeiro à época,  pela qual a maioria dos cantores brasileiros passou – Tom Jobim, João Gilberto, Astrud Gilberto, Sérgio Mendes, Chico Buarque, entre outros. Esta fórmula não se aplicava apenas ao exigente público europeu, nos Estados Unidos também era assim e Maysa já conhecia bem isto. Por todos os país que passou, sempre gravando discos, cantava regiamente no idioma do local onde estava. Assim foi na França, Espanha, Itália e vários outros.
De qualquer forma, é um bom disco, (nunca lançado no Brasil, infelizmente) que apresenta outra faceta de Maysa, – cosmopolita e sofisticada – em ótima forma!

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