Depois de amanhã, todo dia é de Maysa
O Dia D Maysa foi ontem, em São Paulo. Maysa só exigiu uma
equipe para trabalhar e o resto ficou por conta do recado que as câmeras do
canal 7, TV Record de São Paulo, mandaram para quase todo o Brasil.
Agora é hora de voltar ao Rio. Quinta-feira é dia de Maysa
no Canecão.
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A gente tem que ser coerente, mais nada. Se foi aqui que eu
recebi tanto carinho e o meu recado foi tão bem entendido, porque mudar?
A “Maysa de hoje”, ela mesma diz, não existe.
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Nada mudou. As pessoas continuam me agredindo, tendo
preconceitos em relação a mim. E eu continuo me defendendo delas,
agressivamente. Na verdade, o que pode ter mudado – é, isso realmente mudou – é
que hoje, eu evito essas pessoas o mais que eu posso, procuro ter o mínimo
contato possível com essa gente.
Mas hoje existe uma Maysa obcecada por seu trabalho,
entusiasmada com as canções que vem ensaiando para o show do Canecão, com os
arranjos de Luiz Eça, com os jovens do conjunto que vai acompanha-la.
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Há dez anos, nós já fizemos isso: éramos eu, o mesmo Luizinho
Eça, Menescal, Hélcio Milito, Bebeto, Luís Carlos Vinhas. Foi a época do
Barquinho e todos eles, apesar de ainda desconhecidos, já eram da pesada. Hoje,
eu volto a trabalhar com uma turma de garotos sensacionais, orientados pelo
Eça, estou muito à vontade com eles.
No repertório, há San Juanito e há Roberto Carlos.
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Também isso não é uma mudança. Eu sempre cantei o que sentia,
minha única condição para cantar uma música é ser tocada por ela, acreditar
nela. Se há 10 anos me aparecesse uma canção de Roberto Carlos, eu cantaria,
desde que gostasse. Nunca tive preconceitos, principalmente, em relação à
música.
Os planos para o futuro só falam em cantar, até que a voz
acabe. Maysa assinou agora um contrato com a Phillips,
primeira experiência de um programa de divulgação de Maysa no exterior: o novo
disco tem a direção artística de Roberto Menescal, tem arranjos modernos e tem
músicas que Maysa vai cantar no Canecão. Apesar de estar num esquema de se
lançar no exterior, Maysa nem quer ouvir falar no Festival da Canção.
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É simples: até agora, o Festival só trouxe vantagens para a
música estrangeira.
Antes do show do Canecão, Maysa deveria fazer uma
temporada no Teatro da Praia, sob a direção de Miéle e Bôscoli. Faltando cinco
dias para a estreia, o espetáculo foi cancelado.
- Não tenho físico para trabalhar daquele jeito. Em cima
do dia da estreia não havia nem texto. Ronaldo e Miéle são excelentes
produtores e estão acostumados a trabalhar na base da improvisação. Mas eu não
aguento, não sou gênio. Talvez os dois, de uma certa forma, o sejam. Mas para
mim não dá, embora isso não diminua minha admiração por eles.
(Reportagem publicada originalmente no jornal CORREIO DA MANHÃ - Rio de Janeiro, 3ª feira, 19 de maio de 1970)
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