20 de fevereiro de 2010

Especial: Maysa e a imprensa, uma relação conturbada


Maysa e a imprensa, uma relação conturbada

Hoje vamos falar um pouco da conturbada relação de Maysa com a imprensa nos anos 50. Uma relação famosa e polêmica, vamos contar e explicar um pouco dessa história várias vezes comentada! Logo após a separação de Maysa e André Matarazzo, no primeiro semestre de 1957, a mais nova estrela da música brasileira passou de queridinha a vítima da imprensa, em pouquíssimo tempo. Nunca um artista teve a vida tão devassada pela mídia como Maysa, foi algo espantador. A sociedade brasileira retrógrada e hipócrita dos anos 50 não admitia que uma mulher recém separada decidisse tomar as rédeas da própria vida na mão. Em pouco tempo Maysa virou saco de pancadas da mídia, à medida que seu espantoso sucesso crescia, ela era ainda mais agredida. Passaram a critica-la por absolutamente tudo, falavam mal de seu figurino, seu penteado, suas atitudes. Maysa virara o alvo predileto da imprensa marrom. Eram críticas maledicentes, maldosas, ultrajantes. Uma das coisas que mais provocava a língua venenosa da imprensa era que Maysa insistia em continuar com o mesmo comportamento e com as mesmas atitudes, tida por eles como condenáveis e repugnantes.

Acima de tudo Maysa era uma mulher verdadeira e obstinada, que tinha certeza de suas convicções e não se importava com os comentários maldosos dessa gente. Ela jamais mudou suas atitudes ou deixou de fazer o que queria por causa de maledicências ou fofocas, ela até se divertia com tantos mexericos! Colecionava todas as notinhas de jornais e revistas e seguia em frente como era de costume.

Com o tempo a situação só foi se agravando. Em 57 chegaram a dizer que Ouça, o hit do ano, era apenas um plágio descarado de Dream Lover de 1929 interpretado por Jeanete Mac Donald. Um impropério sem tamanho, pois tal acusação não tinha base nem fundamento e fugia totalmente do que se caracteriza um plágio.

Quando se pensa que a invasão de privacidade que as celebridades sofrem hoje em dia por parte da mídia é algo constrangedor, inaceitável, absurdo, é difícil imaginar que há 50 anos atrás a situação era ainda mais chocante e absurda. Maysa estampou várias manchetes e publicações de título sugestivo e deplorável como nas revistas Escândalo e Confidencial. Publicações que devassavam a vida de vários artistas com o único intuito de vender tiragens,fazer um sensacionalismo baixo e medíocre e que muitas vezes usavam mentiras descaradas. Vários diretores e redatores de tais revistas estiveram envolvidos em casos de chantagem com artistas. Em uma dessas publicações Maysa estampava a manchete com o seguinte texto: "MAYSA, a mulher que trocou o aconchego do lar pelo MUNDO DO VÍCIO". Mas não era só de sensacionalismo que as revistas abordavam sobre Maysa, várias publicações de qualidade e seriedade incontestáveis como nas revistas Manchete, O Cruzeiro e outras rendiam várias páginas exaltando o sucesso e o talento incontestável de cantora, edições que marcaram época com ensaios fotográficos de página inteira com destaque para os aclamados olhos verdes de Maysa.

Uma das críticas mais pertinentes e maldosas que a imprensa insistia em fazer era julgar o modo como Maysa se apresentava diante das câmeras e até sobre seu penteado, famoso pelo leve desalinho. Chegavam á dizer que Maysa encarava o público com um olhar arrogante e desafiador, que o sucesso lhe subira a cabeça e que a platéia não merecia o semblante de desprezo da cantora. Sobre isso, certa vez diante das câmeras Maysa lançou uma frase célebre com sua peculiar acidez ao fim do programa: "Gostaram? Se não gostaram não tem problema, porque semana que vem vai ser a mesma coisa! Boa noite". Nos dias seguintes choveriam críticas e comentários sobre a frase. Eram coisas como essa que atiçavam a imprensa e fazia com que Maysa se tornasse um alvo fácil e predileto para a mídia.

Em 1958, Maysa se tornaria a maior e mais bem paga cantora do Brasil. Nesse ano as coisas pioraram totalmente de figura, ao mesmo tempo que a crítica celebrava o sucesso extraordinário de Meu Mundo Caiu e do LP Convite Para Ouvir Maysa Nº2, a mídia insistia em agredir Maysa de todas as formas! Todas as suas atitudes passaram a virar manchete de jornal, com títulos maledicentes. A cantora virara o alvo predileto da famosa coluna Mexericos da Candinha da Revista do Rádio. Ali, o assunto predileto era criticar o figurino, o penteado e o excesso de peso de Maysa (fato que se agravaria com o tempo) parecia um complô contra ela, a cada vez os comentários iam ficando mais maldosos e cruéis contra a cantora. Suas tentativas de suicídio viravam manchetes escabrosas para os jornais que viraram assuntos para dias á fio.

A situação piorou ainda mais após o acidente de carro com Maysa na Avenida Atlântica em Copacabana no final de 58. O episódio daria manchetes e publicações por semanas ininterruptas. Assim que a cantora pode retomar as atividades cotidianas, viu-se as cicatrizes que o acidente lhe provocara, á partir daí começaram a atirar chumbo grosso contra Maysa. Foram várias as piadas e comentários maldosos sobre seu peso -o ponto fraco da cantora- e as cicatrizes do acidente. Em 59 Maysa chegou á beirar os 90 kilos, algo que atiçava a imprensa com notinhas cruéis , começaram á chamá-la descaradamente de gorda, alcoólatra, infeliz, especulava-se sobre seus namorados, sobre seus problemas com o álcool e até questionava-se sua sanidade mental. A situação havia atingido um ponto insuportável, até para a própria Maysa, não mais mediam palavras, eram críticas mentirosas, cruéis, grosseiras, maldosas, dolorosas. Parecia que queriam destruir-la completamente.

Pouco depois, no primeiro semestre de 1959, Maysa embarcaria em busca de paz e descanso para a Europa, de fato, até o começo dos anos 60 Maysa ainda daria muita manchete maldosa para a imprensa. Esse foi um dos motivos dos quais ela passou quase toda década de 60 no exterior excursionando pelo mundo. Mas a cantora já fazia falta e quando, depois de idas e vindas, retornou definitivamente em 69 e todos a receberam como uma deusa, como a grande diva da música brasileira que ela é. Dali por diante Maysa seria e é tratada até hoje como um mito que entrou para a história do país. Uma vida cheia de quedas e reconstruções, mas sempre Maysa soube se levantar. Viva MAYSA!



"Escândalo": uma das tantas publicações de baixíssimo nível que exploravam Maysa na capa.



Edição histórica de "O Cruzeiro". A foto da capa seria escolhida pouco tempo depois para ser capa do famoso LP Convite Para Ouvir Maysa nº 2.


A primeira capa de Maysa na revista Manchete. Fotos como esta se tornaram marcos do foto-jornalismo, iniciando o destaque para os olhos de Maysa.

6 comentários:

  1. Acho muito bom vocês colocarem assuntos diferentes, assim não cai na mesmice de outros blogs. Parabéns e VIVA MAYSA!

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  2. Pois é né!!!
    Realmente a coisa antigamente era massacrante! E um VIVA para Maysa que nunca se subjugou á essa gentinha hipócrita, viva MAYSA!

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  3. Maysa era original,verdadeira....divina....magnífica....,e realmente soube se levantar todas as vezes que tentaram derrubá-la....
    parabéns pelo texto....
    O blog está maravilhoso!

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  4. Maravilhoso post...viajei no tempo,haha
    Essas coisas só serviram para mostrar o quanto a Maysa era diva,era forte e maior que tudo isso!
    O blog é divino ♥ adoro,parabéns e obrigada meninos.

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  5. Muito obrigado pessoal!!! É maravilhoso o apoio e incentivo de vocês! Viva MAYSA.

    Equipe Blog Oficial Maysa.

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  6. Acho o massa a vida de Maysa e as musicas dela sou um fã que se tornou mais fã dela quando o seu filho jayme fez a Minisserie achei uma coisa muito realista sobre a vida dela e é um exemplo para todos que todos tem que procurar sua felicidade errando ou não gosto muito da sua historia e o blog é o massa gostei mt

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